terça-feira, 2 de junho de 2009

As Culturas da Ficção e as Ficções da Cultura.

1ª parte - As Culturas da Ficção

A primeira vez que fiquei sabendo da existência do Poeta, Jornalista, Cineasta, Fotógrafo, Escritor e Artista plástico (entre tantas outras faces), André Carneiro _ hoje um amigo (apenas parente "espiritual") _ foi através de uma busca sobre pesquisas em livros e artigos científicos que tratassem da relação entre as culturas locais e a dita cultura universal no contexto das produções ficcionais. O meu foco estava nos países de língua portuguesa, com especial atenção ao Brasil e partia da hipótese de possíveis influências da ficção na formação cultural dos povos (e, talvez, menos grandiloquente, em pequenas "comunidades").
Percebi que André Carneiro era frequentemente citado em vários artigos sinalizando sua relevância. Passamos a trocar e-mails que escrevo em letras "garrafais" ao qual responde com muito carinho, mesmo com a má condição de saúde do amigo, já com a idade do corpo avançada, mas de mente lúcida e sensibilidade ímpar. Quando perguntado de um texto seu que eu desejava ler, prontamente tratou de enviar pelo correio dois exemplares do seu livro de poemas, "Quânticos da Incerteza".
Chegou a ser entrevistado em 2001 pela professora da University of Florida e pesquisadora norte-americana, Mary Elizabeth Ginway, em contribuição a composição do livro "Ficção Científica Brasileira: Mitos Culturais e Nacionalidade no País do Futuro", lançado aqui em 2005 pela editora Devir Livraria. Penso como imprescindíveis para quem queira "xeretar" nessas paisagens culturais, tanto as produções dela quanto as dele.

Algumas contribuições de André Carneiro no âmbito da cultura, merecem que reserve espaço maior para fazê-lo. Aguarde a próxima postagem.

Sinopse do livro de Ginway publicado no site da "Livraria Cultura":
Durante o período de 1964-1985, a ditadura militar no Brasil impôs uma política drástica de industrialização e desenvolvimento econômico ao país. Por suas ligações com a ciência e a tecnologia, a brazilianista Elizabeth Ginway, professora de Literatura Brasileira, acredita que a ficção científica é o veículo ideal para o exame da percepção e do impacto cultural do processo de modernização no Brasil. Freqüentemente associado à floresta amazônica, praias tropicais sem fim, e às festividades do Carnaval, o Brasil pode ser visto como um lugar improvável para o surgimento da ficção científica, todavia desde a década de 1960 os escritores brasileiros têm experimentado com o gênero, timidamente, a princípio, mas depois se atirando a ele com ímpeto. O livro da professora Ginway traça um painel da ficção cientifica escrita no Brasil entre 1960 e 2000, fornecendo uma observação única da moderna metamorfose do país, no instante em que se vê na periferia do mundo globalizado. O estudo mostra que uma leitura da ficção científica brasileira, baseada no seu uso de paradigmas anglo-americanos (o robô, o alienígena, a espaçonave, etc.), e de mitos culturais brasileiros (o mito da terra fértil, o povo dócil e feliz, etc.) fornece uma observação única da moderna metamorfose do Brasil, no instante em que o país se vê na periferia do mundo globalizado.

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